O Retrato Oficial das Apostas no Brasil

Brasil.- 17 de September 2025 www.zonadeazar.com Relatório do Ministério da Fazenda confirma caráter de entretenimento e potencial de arrecadação do setor
Por Felipe Fraga*
O Ministério da Fazenda divulgou, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas, o primeiro balanço oficial sobre a atividade de apostas de quota fixa no Brasil. O relatório, apresentado pelo secretário Régis Dudena, representa um marco ao oferecer dados concretos sobre o setor. Os números confirmam tendências já observadas por operadores e analistas, como a de que a maioria dos apostadores está na faixa etária de 25 a 40 anos, um público adulto e inserido na vida produtiva.
Esse dado ajuda a desmistificar preconceitos e reforça que o consumo de apostas ocorre, sobretudo, entre cidadãos que já têm estabilidade e responsabilidades. Outro ponto de destaque é o gasto médio mensal de cerca de R$ 164,00 por apostador, valor compatível com atividades de lazer. Esse montante é comparável, por exemplo, ao preço de um par de ingressos para uma partida de futebol, reforçando a leitura de que o setor está inserido no universo do entretenimento.
Esse entendimento é corroborado por um panorama mais amplo de consumo. Uma pesquisa da Nielsen para a Pluxee mostra que, entre 2019 e 2023, a proporção de gastos com lazer no orçamento familiar brasileiro subiu de 3,80% para 4,20%. Além disso, aumentaram os gastos com alimentação fora de casa (de 2,60% para 2,80%), festas (2,70%), cuidados estéticos (2,40%) e despesas com animais de estimação (2%). Esses dados revelam que os brasileiros estão, gradualmente, retomando o poder de compra e priorizando experiências de bem-estar e entretenimento.
O relatório do Ministério da Fazenda também destaca os esforços concretos no combate à ilegalidade. Mais de 15 mil sites não autorizados foram bloqueados em uma operação conjunta com a Anatel e outros órgãos. Nas palavras de Dudena, “combater o mercado ilegal é essencial não apenas para proteger o consumidor, mas também para garantir que a arrecadação chegue aos cofres públicos e sustente políticas públicas”. A arrecadação já ultrapassou R$ 2,1 bilhões apenas no primeiro semestre, evidenciando a relevância econômica do setor.
Apesar desses esforços, uma pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) mostra que o mercado de bets ilegais ainda é significativo. Quase metade (46%) dos apostadores brasileiros já colocou dinheiro em plataformas ilegais. O estudo também revela que 78% dos apostadores têm dificuldade em verificar se uma plataforma é legalizada ou não.
Quando confrontados com uma lista de mais de sessenta sites ilegais, 73% dos entrevistados afirmaram já ter feito apostas neles. Os apostadores identificaram a falta de exigência de reconhecimento facial e a possibilidade de usar cartão de crédito ou criptomoedas como indícios de que os sites não eram lícitos.
Em resposta a esses desafios, o setor de apostas legalizado e o governo têm se unido para promover iniciativas de jogo responsável e de combate à ilegalidade. A regulamentação do Ministério da Fazenda exige que as operadoras adotem práticas como a definição de limites de apostas, a implementação de ferramentas de autoexclusão e o fornecimento de informações claras sobre os riscos. O IBJR, que representa 75% do mercado legalizado, defende um ecossistema de apostas online íntegro e trabalha para combater as bets ilegais que prejudicam a segurança do público. A fiscalização se intensificou, com o bloqueio de milhares de sites não autorizados, e a regulamentação inclui a proibição de depósitos por meio de dinheiro em espécie ou boleto, além da obrigatoriedade de identificação do apostador por meio de reconhecimento facial para combater a lavagem de dinheiro.
Em síntese, o balanço oficial demonstra que o setor de iGaming no Brasil se consolidou como uma atividade de entretenimento com um perfil de consumidor maduro e responsável. No entanto, a pesquisa do IBJR e Locomotiva reforça a necessidade urgente de combater a ilegalidade, evidenciando que a falta de informação e a dificuldade em identificar plataformas ilícitas ainda são grandes desafios. A agenda agora é clara: fortalecer a regulação, garantir a sustentabilidade e assegurar que os frutos dessa indústria sejam colhidos plenamente pela sociedade brasileira.
*Fellipe Fraga é Chief Business Officer e Relações Institucionais da EstrelaBet, especialista em Direito Público e no mercado de Jogos e Apostas.
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